terça-feira, 24 de junho de 2014

Aprendendo a lidar com o outro baseado nos valores do Reino de Deus - Mt 18


                                   
 
Viver queridos não é uma tarefa fácil. Conviver é uma tarefa mais difícil ainda. Conviver é se relacionar com as pessoas. Hoje vivemos em um tempo, onde como previu Jesus na parábola da semente, do fermento e da figueira, o Reino de Deus se iniciou bem pequeno, mas está cada vez mais se expandindo na sociedade contemporânea.
Os valores do Reino estão agindo dentro do coração das pessoas e mudando vidas, direta e indiretamente. Muitas vezes pessoas, vivem e ensinam os valores do Reino de Deus, mesmo que não saibam sua origem.
O Reino de Deus entre os homens trouxe uma dinâmica de vida bem diferente para os relacionamentos na época de Jesus e continuou atuando na sociedade de forma implícita e explícita.
Quando Jesus veio a terra e anunciou justiça, a injustiça era a marca da época.

Quando Jesus veio e ensinou sobre liberdade a escravidão era normal e defendida pelas leis nacionais e internacionais.
Quando Jesus veio e ensinou sobre perdão, a vingança era natural para os homens. Matar o que matou alguém era algo visto como nobre e aceito como normal

Quando Jesus veio e ensinou a amar inimigos e não apenas os amigos, seus ensinos radicalizaram as relações interpessoais, que estavam calcadas apenas na troca de gentilezas ou de maldades.
Assim quando absorvemos os valores do Reino de Deus, entendemos que fazer parte do Reino, é um novo estilo de vida, não mais natural, mas acima do natural (sobrenatural), tudo muda, na maneira que lido com o outro, no dia a dia.

Minhas relações passam a ter outros princípios para se guiar.
Vejamos o que podemos aprender aqui acerca disto:

1º No Reino de Deus quem quer ser grande precisa aprender a agir como uma criança. vs. 1-5. Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: Quem é o maior no Reino dos céus? Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.
 Como assim agir semelhante a uma criança? De três formas:

·       Criança se contenta com pouca coisa (bebês por ex. brinca com papel, chave, mamadeira, etc...) conforme vamos crescendo vamos ficando muito mais exigentes com as pessoas – assim afastamos muitos de nós porque não estão dentro de nosso padrão: religioso – político – social.

·       Criança tem facilidade de esquecer ofensas – ex. correção – corrija uma criança e um adulto e veja quem se magoa mais fácil.

·       Criança está sempre dando uma nova oportunidade para os outros – adulto sempre está dizendo: “está é sua última chance hein? Se cuida!”

2º No Reino de Deus tudo o que faço deve ser visto, sob a seguinte perspectica: “Vai fazer mal para alguém? Vai escandalizar alguém? vs. 6-8. Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa das coisas que fazem tropeçar! É inevitável que tais coisas aconteçam, mas ai daquele por meio de quem elas acontecem! O signinificado disto é que não posso sair por ai fazendo  o que quero de qualquer jeito, preciso pensar e imaginar quais os desdobramentos de minhas ações e reações.

 3º No Reino de Deus, no relacionamento com o outro, o aperfeiçoamento da autodisciplina é uma marca frequente na vida. vs9-10. Se a sua mão ou o seu pé o fizerem tropeçar, corte-os e jogue-os fora. É melhor entrar na vida mutilado ou aleijado do que, tendo as duas mãos ou os dois pés, ser lançado no fogo eterno.E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. É melhor entrar na vida com um só olho do que, tendo os dois olhos, ser lançado no fogo do inferno. Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste.

 
4º No Reino de Deus, cada atitude deve levar em conta a missão primordial de Jesus, que foi repassada à igreja, a qual é inegociável. V. 11-14. O Filho do homem veio para salvar o que se havia perdido. O que acham vocês? Se alguém possui cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu? E se conseguir encontrá-la, garanto-lhes que ele ficará mais contente com aquela ovelha do que com as noventa e nove que não se perderam. Da mesma forma, o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca.

Jesus afirmou que sua missão não era ser servido, mas servir os homens, principalmente com a boa nova da salvação e ele nos confiou esta responsabilidade.

E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Mc 16:15. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos. Mt 28:18-20

Ele nos confiou o prosseguimento da missão que ele veio iniciar:

·       Reconciliar os homens com Deus.

 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. 2Co 5.19-19

5º No Reino de Deus eu preciso esgotar as possibilidades na tentativa de estar em comunhão com as outras pessoas. Vs. 15- 22. Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.  Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano. Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu. Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles. Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete.

Estamos acostumados a querer que os outros tenham bastante paciência coim gente, afinal somos pessoas maravilhosas, lógico aos nossos olhos apenas, que não nos permitem ver “os pontos cegos de nossa vida”, que são áreas que todos sabem que agente é uma negação, menos a gente. Contudo quando vamos lidar com os outros, “o chicote estrala”, porque ao menos sinal de erro, já julgamos, condenamos e até executamos a pessoa dentro de nosso coração: “fulano pra mim morreu!” – é assim que dizemos!
 
O apóstolo Pedro após ouvir o discurso de Jesus sobre tentar reconciliação e depois considerar o outro excluído da “igreja”, pois é isso que Jesus está dizendo em outras palavras com a expressão, considera-lo como gentio e publicano, ele  Pedro, pergunta: “Mas Jesus e ai, quantas vezes devo perdoar meu irmão, umas sete?” Talvez ele esperasse de Jesus um número ainda menor, pois a Lei Mosaica, ensinava “dente por dente e olho por olho”. Perdão já estava difícil. Jesus então respondeu, não te digo sete, mas setenta vezes sete. Acredito que Pedro, o eloquente e fugaz Pedro, quase enfartou. Como é que é 70x7 é igual a 490. Pois não Pedro, o caminho é por ai!

 
Aqui Jesus jogou os números lá em cima para demonstrar uma verdade conclusiva que nossa maldade é muito grande, e que só poderei ser bom com o outro se eu enxergar o tamanho das minhas falhas, dos meus pecados, de meus erros e o tamanho do perdão divino para mim.

 
6º No Reino de Deus precisamos aprender a tratar os outros como Deus nos trata. Vs 23-35. Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos. Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata. Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida. O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo.O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir. Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve! Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei. Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido. Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você? Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão.

 
Aqui nesta parábola o rei é uma figura de Deus. Os devedores somos nós. A dívida simboliza nossos erros contra ele. O perdão da dívida é o perdão dos nossos pecados.
 
Quando não perdoamos os irmãos, não estamos passando adiante o que de Deus recebemos.

 O que recebemos de Deus?

1.     Tolerância

2.     Empatia

3.     Oportunidades

Sendo assim, busque tratar os outros como Deus te trata:

Ø  Com tolerância – paciência v. 26

Ø  Com empatia – v. 27 – teve compaixão dele

Ø  Com novas oportunidades – v.27 – “cancelou a dívida e o deixou ir”

Algumas explicações e aplicações para a gente concluir:

(Fonte Wikipédia)

·       Compaixão (do latim compassione) pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outrem.

1.     A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser, bem como demonstrar especial gentileza com aqueles que sofrem.

2.     A compaixão pode levar alguém a sentir empatia pelo outro.

3.     A compaixão é frequentemente caracterizada através de ações, na qual uma pessoa agindo com espírito de compaixão busca ajudar aqueles pelos quais se compadece.

4.     Ter compaixão é permanecer num estado emotivo positivo, enquanto tento compreender o outro, sem invadir o seu espaço.

5.     A compaixão diferencia-se de outras formas de comportamento prestativo humano no sentido de que seu foco primário é o alívio da dor e sofrimento alheios.

6.     Atos de caridade que busquem principalmente conceder benefícios em vez de aliviar a dor e o sofrimento existentes são mais corretamente classificados como atos de altruísmo, embora, neste sentido, a compaixão possa ser vista como um subconjunto do altruísmo, sendo definida como o tipo de comportamento que busca beneficiar os outros minorando o sofrimento deles.

7.     Jesus ao longo da sua vida foi um homem compassivo e, com as suas palavras, gestos e atitudes, mostrou-nos o rosto compassivo de Deus. Não se poupou a esforços para libertar as pessoas do sofrimento que as atormentava. «Ao ver as multidões, Jesus enchia-se de compaixão por elas, pois estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor (Mt 9,36). Deste modo, Jesus mostrou-nos como é Deus, Seu e nosso Pai, e desafiou-nos a sermos como Ele: Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo. (Lc 6,36).

ILUSTRAÇÃO

(FONTE:http://www.abcdacatequese.com/index.php/evangelizacao/catequese/298-compaixao-e-sofrer-com)

QUANDO EU E TU SE ENCONTRAM

Era uma vez um nome, igual a tantos outros, que vivia numa terra de algures. Sentia o que tantos sentem. Vivia como muitos vivem e queria e desejava o que tantos desejavam. Chamava-se Eu. Um dia partiu para a terra da aventura e conheceu Tu. Tu era alguém como Eu, simples, mas com a palavra «amor» e «compaixão» pintadas no coração a letras de generosidade e bondade. Eu e Tu conheceram-se, cresceram juntos e evoluíram mutuamente. Perceberam que o mundo é uma passagem. Eu e Tu aprenderam a amar, descodificaram a vida na sua simplicidade e perceberam o valor da compaixão. Mas perceberam que não basta Eu conhecer Tu, é preciso mais, muito mais. Não basta o amor, a compaixão, não basta serem as pessoas certas, é preciso trabalharem o interior, é necessário serem inteligentes emocionalmente, é preciso trabalharem a relação, é preciso flexibilidade e capacidade de adaptação. A vida é apenas uma curta passagem num tempo muito relativo. Extrair o sumo da vida num período de Tempo tão pequeno é sentir que mereceu a pena ter vivido e que a nossa missão está na palavra compaixão. Eu e Tu aprenderam a ser compassivos. E à sua volta cresceu a emoção, a compreensão, os afectos e os momentos de felicidade plena. No ar que respiravam e na compaixão que exalavam, Eu e Tu transformaram-se na mais bela flor da compaixão... a flor do Nós! A flor do Nós nasceu da união da semente do físico, emocional, mental e espiritual. A Flor do Nós nasceu da compaixão…

 
Autor: Pr Davi Alencar Santana

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