Família é um assunto presente em toda a Bíblia Sagrada. Ela faz
parte da chamada cultura “judaico-cristã”, e tanto o Antigo quanto o Novo Testamento
exaltaram a sua importância. Os atuais inimigos da família gostam de dizer que
a família nuclear, ou seja, o pai, a mãe e os filhos, é coisa do passado. E
isso é um assunto da teologia? Sem duvida, pois teologia em um aspecto geral é um
estudo do homem de suas relações com Deus, conforme expresso nas Sagradas
Escrituras. Impossível não perceber o quanto esse assunto é importante pelo
destaque que Deus dá a ele em Sua Palavra. Mas o assunto família tem, além dos
teológicos, seus aspectos práticos. Teológicos quando se trata de analisar a
origem da família e os propósitos divinos ao estabelecer esta instituição que,
com certeza, é a mais antiga do mundo, e práticos quando vemos primeiramente a
família judaica e depois a cristã dentro do plano redentor de Deus. Até mesmo
Jesus, o Filho de Deus, nasceu no seio de uma família. Teve uma vida familiar
abençoada que serviu de base para o seu desenvolvimento até que chegasse a hora
de se revelar como o Messias de Israel. Foi obediente e sujeito a seus pais.
Como homem perfeito em todas as coisas, também foi perfeito em seu
relacionamento familiar.
Em um tempo como o nosso, em que o divórcio se tornou corriqueiro,
a autoridade paterna é questionada por “especialistas” e a própria legislação
procura reduzir o poder dos pais, é mais do que necessário saber o que Deus
disse sobre isso. É muito maravilhoso abordar um tema tão prático como esse. Há
aspectos da teologia que podem ficar armazenados em nossa vida e teremos pouca
necessidade de expressá-los. São como os alicerces de nosso pensamento teológico.
Outros assuntos, porém, como esse exigem um nível de atitude fundamental. É uma
teologia em carne e osso, uma evidência concreta quando nosso lar se ajusta aos
padrões divinos. Então nos tornamos teologia palpável e visível. Então somos
testemunhas silenciosas de Deus, deixando que seu padrão e seu poder se
manifestem neste mundo. Em tempos passados as crianças eram educadas para o
lar. Falava-se muito disso às crianças. Os rapazes deveriam tomar esposas e
sustentar seu lar, enquanto as meninas deveriam ser boas esposas e boas donas
de casa. A modernidade deu primazia a outras realizações e em conseqüência a
instituição do casamento perdeu seu espaço na mente do homem moderno.
As células estão morrendo, por isso o organismo não se sustém.
Enxergamos apenas o imenso cadáver e não nos damos conta de que o problema
começa em uma escala menor. A sociedade está doente e morre porque a família
que a compõe está se deteriorando. A disciplina acabou. A valorização do lar
foi substituída pela valorização profissional. Vencer não significa mais ser
honesto e educar bem os filhos. Vencer agora é o carro do ano, é o alto
salário, é o status, mesmo que isso signifique ter um lar sem afeto, um
casamento instável e filhos traumatizados. Mas a Palavra de Deus diz: “É melhor
um bocado seco e com ela a tranqüilidade, do que a casa cheia de iguarias e com
desavença” (Pv 17.1). Nossos lares
talvez tenham bois gordos demais e paz de menos. Se nossos únicos sorrisos são
produto das comédias dos filmes e nossa esperança de paz e sossego se encontra
em um pacote de viagens para praias distantes, alguma coisa está errada. “...ele
é a nossa paz”, diz a Palavra de Deus (Ef
2.14). Não apenas a paz profundamente oculta entranhada no nosso ser, mas
uma paz sensível que aqueles que adentram em nosso lar podem perceber
imediatamente. Se essa paz de Deus “que excede todo o entendimento” (Fp 4.6) não transbordar através de nós
e contagiar nosso relacionamento familiar, então não adianta buscar nenhum tipo
de paz na sociedade. É muito fácil dizer que o governo não dá segurança. Mas
quanto de segurança será o bastante enquanto os lares continuarem produzindo
delinquentes? Não há equilíbrio moral, por isso o edifício todo desmorona. O
governo dá a didática, mas quem dá o incentivo, o impulso, o ânimo, o amor, sem
o qual o conhecimento para nada serve? O Estado combate o tráfico, mas o vazio
familiar vai buscar na rua o amor escasso. Os filhos são presentes de Deus aos
pais e não ao Estado. A escola, a rua e a faculdade são lugares onde os jovens
irão e poderão perder os valores familiares se estes não estiverem bem
arraigados neles, desde a sua infância.
CONCLUSÃO
As pessoas tem o costume de lançar sobre os governantes a culpa
dos males que sofrem. Infelizmente é comum toda uma sociedade viver semeando
males e querer que o governo venha arrancá-lo. Talvez seja esta apenas uma
forma de aliviar a consciência. É hora de pararmos de dizer o que os governantes
devem fazer, e começarmos a perguntar o que nós podemos fazer para mudar a
nossa vida e consequentemente a da nossa sociedade? Certos valores do passado
se perderam na busca pelo progresso, se não os acharmos logo, nós não acharemos
mais a nós mesmos e continuaremos a procurar “bodes expiatórios” que limpem um
pouco desse sangue que está em nossas mãos. Membros são amputados porque não
conseguimos curar as células. Há tumores malignos por todo lado que se
multiplicam e contaminam o corpo social. O que eu e você estamos produzindo em
nossos lares? O salmista escreveu: “Como flechas na mão de um homem poderoso,
assim são os filhos da mocidade” (Sl
127). Que tipo de flecha nós estamos lançando contra a sociedade? Que a
nossa vida familiar seja como foi o tabernáculo de Moisés, que foi construído
conforme o modelo mostrado por Deus.
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